#35 - Análise do ensino da ética na licenciatura de fisioterapia em Portugal

28 October 2021 Fisioterapia & Ensino
Sónia Gonçalves-Lopes·José Luís Sousa·Manuel Paquete·Pedro Harry Leite·Verónica Abreu

Introdução:

A ética em fisioterapia é desde sempre considerada pela maioria dos autores como peça fundamental para a autonomia do fisioterapeuta. A relação cliente-fisioterapeuta é regulada por uma conduta ética desde a primeira à última consulta e influencia os resultados da intervenção assim como a perceção pública sobre a profissão. A World Physiotherapy, desde 2019 insta os seus membros a desenvolverem e utilizarem um código de ética. Vários são as questões ética que o fisioterapeuta encontra durante o seu percurso profissional. Existem poucos estudos sobre as diferentes características do ensino da ética na fisioterapia. O objetivo deste estudo é analisar as características, metodologias e desafios associados ao ensino da ética nas diferentes licenciaturas de Fisioterapia em Portugal.


Método:

Estudo observacional transversal com a aplicação do questionário “Ensino da Ética em Fisioterapia em Portugal”, adaptado para português de Laliberté et al. (2015). Contém 25 questões, 22 de resposta fechada e 3 de resposta aberta. O link construído no Google Forms, foi enviado aos Diretores do Curso de Fisioterapia (19 escolas), solicitando resposta pelo Docente da unidade curricular de ética. O estudo decorreu entre maio e julho de 2020.


Resultados:

Os docentes identificam a metodologia de resolução de casos problemas/casos reais como a mais indicada para o ensino da ética. Ainda assim recorrem ao método expositivo para o seu ensino. Identificam como maior obstáculo ao ensino da ética a falta de horas. De entre os temas dos programas de ética o Paternalismo é abordado em 65%, em 30 a 59 min, as ligações mais frequentes são o paternalismo médico e a autonomia do cliente. O Consentimento informado em 100%, em 1.30 a 2h, falando de compreensão, livre consentimento, direito à recusa, riscos e benefícios e documentação. O registo em fisioterapia (100%) em 1.30 a 2h, abordando a importância, obrigatoriedade e confidencialidade. Os modelos de tomada de decisão (92%) em 1.30 e 2h mas apenas referem o RIPS como modelo. Foram identificadas barreiras ao ensino da ética destacando-se a falta de horas, dificuldade em motivar os estudantes e a falta de orientações nacionais.


Conclusão:

A realidade portuguesa do ensino da ética é semelhante ao contexto internacional. Grande variabilidade na distribuição da carga horária. Grande variabilidade nos conteúdos lecionados nos diferentes ciclos de estudo em Portugal, exceptuando o consentimento informado e registo em fisioterapia. Os docentes têm elevado nível de formação académica, mas poucos têm formação específica em ética.

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