#188 - Utilização da BruxApp como estratégia de intervenção da fisioterapia no Bruxismo
24 outubro 2021 Fisioterapia em condições músculo-esqueléticas & DesportoIntrodução e objetivo:
O bruxismo é uma atividade muscular repetida e caracterizada pelo apertar e ranger dos dentes e/ou bracing ou thrusting da mandibula, o qual é considerado um importante fator de risco para a disfunção temporomandibular. A fisioterapia é um dos tratamentos conservadores indicados para este tipo de pacientes e o biofeedback uma das estratégias possíveis de utilizar para o restabelecimento normal da função muscular e para o relaxamento do músculo. O objectivo do presente estudo éanalisar e comparar a perceção do comportamento de bruxismo de vigília (BV) em jovens adultos, aparentemente saudáveis, antes e após a utilização de uma estratégia de biofeedback, através de uma aplicação de smartphone - BruxApp.
Material e Métodos:
Estudo constituído por 40 participantes, aparentemente saudáveis, distribuídos equitativamente e aleatoriamente por dois grupos: 20 no grupo experimental (GE; 21.2 ± 1.2 anos) e 20 no grupo controlo (GC; 21.8 ± 2.9 anos). Todos os participantes responderam ao questionário de auto-relato de BV, para avaliar a percepção do comportamento de bruxismo, e à Generalized Anxiety Disorder (GAD-7), para avaliar o nível de ansiedade. Seguidamente o GE descarregou a aplicação BruxApp, foi instruído sobre a sua utilização, durante setes dias, e foi esclarecido sobre a forma de distinguir os diversos comportamentos de BV. Os participantes alocados ao GC não foram alvo de qualquer tipo de intervenção. Após o período de utilização de sete dias o GE e o GC preencheram novamente o questionário de auto-relato de BV e a GAD-7. As variáveis categóricas foram analisadas através de frequências, para identificar diferenças entre as médias foram desenvolvidos testes Mann-Whitney e para comparação das variáveis categóricas entre grupos utilizou-se o Chi-Quadrado de Pearson. O nível de significância utilizado foi de 5%.
Resultados:
A perceção final de bruxismo foi totalmente diferente entre o GE e o GC após a utilização da BruxApp, sendo que no GE todos passaram a ter perceção de bruxismo ao passo que no GC apenas 4 tinham perceção, os mesmos que no início já tinham esta perceção (Chi-Quadrado de Pearson = 26.6, p < 0.001). Os valores de GAD-7 entre o GE e GC não apresentaram diferenças significativamente estatísticas no início (p=0.39) e no final (p=0.32) da intervenção. Dentro de cada grupo os valores de GAD-7 voltaram a não apresentar diferenças significativamente estatísticas entre o início e o fim da intervenção (GE, p=0.21; GC, p=0,25). Relativamente aos comportamentos de BV reportados verificou-se que em 72.4% das vezes em que o alerta da BruxApp foi emitido os indivíduos se encontravam relaxados e em 27.6% das vezes se encontravam a realizar algum tipo de comportamento de bruxismo.
Conclusão:
No GC não houve mudanças na perceção do bruxismo ao passo que no GE todos os que não tinham perceção passaram a ter, e os que já tinham mantiveram.
Palavras-chave:
bruxismo; DTM; biofeedback; Bruxapp®; fisioterapia