I Congresso Nacional de Fisioterapeutas · 1986

Àqueles que fizeram acontecer o 1º Congresso

Há uma história que nos une. Memórias que percorrem os pensamentos de todos aqueles que trabalharam, sem nunca baixar os braços, para tornar inesquecíveis os dias 27, 28 e 29 de outubro de 1986. Os dias em que se assinalaram no calendário, e que jamais serão apagados, o 1º Congresso Nacional de Fisioterapeutas. A história escreve-se com quem acreditou e continua a acreditar numa profissão, que transporta um legado valioso de saber, partilha e experiência.

Congregar. A palavra que fervilhava nas mentes mais ativas dos elementos que compunham a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APF). “É o tempo exato para desencadear uma ação congregadora, de reflexão sobre o significado do nosso passado e perspectivar o futuro, à luz da nossa experiência e do que há longas décadas se vem fazendo noutros países, nomeadamente da Europa”, pode ler-se no Boletim Informativo, de março de 1986, da APF.

Eram atentos e jovens os olhares que penetravam no que se passava lá fora. Não se limitavam a participar em eventos no estrangeiro, traziam colegas a Portugal com o objetivo de partilhar essa informação. “Foram vários os cursos, conferências e seminários que organizamos, antes de surgir a ideia do Congresso. Tudo era feito com o máximo de vontade e dedicação”, explica o fisioterapeuta Raul Oliveira, que após terminar o curso partiu para Inglaterra, durante os meses de férias, para “beber” do que se passava lá fora.

Junta-se a voz de António Lopes, um apaixonado pela fisioterapia e um dos grandes mentores e impulsionadores do 1º Congresso. Tudo o que aprendia no estrangeiro procurava também trazer para Portugal, partilhando junto dos seus. “O Congresso, naquele momento, sinalizava a necessidade de marcar a nossa autonomia, e sobretudo uma identidade forte. Além da componente científica, houve uma componente política e de afirmação muito forte. A escolha do local do congresso, dos convidados e do logotipo, por exemplo, denotam essa preocupação”, relembra.

No seio da Associação surgiam grupos que se dedicavam a trabalhar em diferentes áreas da fisioterapia, embora o objetivo fosse comum: promover a proximidade e a partilha entre fisioterapeutas. Os Grupos de Interesse “prometiam” não baixar os braços na valorização da profissão. E, assim, o fizeram!

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Uma sala que se enche

Por influência da colega Maria Inês Bayão Horta, presidente da Comissão Organizadora e esposa de Ricardo Bayão Horta, antigo secretário de Estado, as portas da Fundação Calouste Gulbenkian abrem-se para receber mais de três centenas de fisioterapeutas - a maioria membros da APF -, de diferentes pontos do país. “A nível dos participantes a principal característica era a sua juventude. 46% tinha 25 anos ou menos e apenas cerca de 10% tinha mais de 40 anos”, lê-se na mesma brochura. Destaque ainda para a presença dos presidentes da Confederação Mundial de Fisioterapia (Margrit List) e do Comité Permanente de Ligação dos Fisioterapeutas da CEE (David Teager).

Com Raul Oliveira, um dos mentores do Congresso, sentamo-nos nas primeiras cadeiras e ficamos, por ali, a apreciar a sala a encher-se de fisioterapeutas, ansiosos por rever velhos amigos e por aprender mais e mais.

É com orgulho que Isabel de Sousa Guerra, ex-presidente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, relembra os dias “agitados” que antecederam o 1º Congresso Nacional de Fisioterapeutas. “Todo o trabalho desenvolvido, do primeiro ao último dia, foi feito por nós. Vivemos momentos inesquecíveis. A sala da Gulbenkian é grande, mas nós conseguimos enchê-la”, relembra a fisioterapeuta.

Através deste Congresso pretendia-se não só assinalar os 25 anos da APF, e refletir sobre a mesma, como trazer para a ordem do dia a definição atualizada do perfil profissional do fisioterapeuta nas diversas áreas de intervenção. Acrescentava-se ainda o desejo de fazer uma chamada de atenção das entidades competentes e dos restantes profissionais da saúde e educação e da população em geral para a problemática da fisioterapia e dos fisioterapeutas.

E se há dúvidas, leia as palavras de António Lopes: “Quando já tinha decorrido o congresso e estávamos muito satisfeitos numa reunião de balanço, em casa de um elemento da comissão organizadora, e agradecíamos a um dos principais colaboradores externos à organização, que tinha tido funções governativas e constituía uma referência para todos nós, o seu desafio foi: “Os portugueses são geralmente muito bons a apresentar “amostras”…mas depois não completam a encomenda. Fico à espera para ver o próximo congresso!”. Foi uma frase que me ficou gravada na memória. De facto nada estava acabado, só podia ser o princípio de uma caminhada, era preciso manter a chama, garantir a continuidade. Afinal não era o “fim da festa”. Não era mesmo!

O caminho faz-se caminhando. E os fisioterapeutas que se juntaram em 1986 continuam, hoje, juntos e a acreditar que o futuro da profissão depende da dedicação de todos. Talvez, por isso, os objetivos do 1º Congresso se mantenham de pé, mesmo passadas três décadas. A história faz-se e escreve-se com aqueles que acreditam.

 


 

Data: 27, 28 e 29 de outubro de 1986
Local: Fundação Calouste Gulbenkian
Tema do Congresso: 25 anos. O passado… Que futuro?
Número de participantes: 330
Presidente da Comissão Organizadora: Maria Inês Bayão Horta

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