VIII Congresso Nacional de Fisioterapeutas · 2010

50 anos ao serviço da comunidade, da profissão e dos fisioterapeutas

Memórias dos Congressos Nacionais de Fisioterapeutas

  

8º Congresso

 

- Lisboa, 12 e 13 de novembro de 2010 -

 

Tema: 50 anos ao serviço da comunidade, da profissão e dos fisioterapeutas

 

 

 

12 de novembro de 1960 - 12 de novembro de 2010: meio século de vida de uma instituição criada pelos fisioterapeutas para os fisioterapeutas. 

Estava de parabéns a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO, à data APF), e estavam de parabéns os seus associados que ao longo de cinco décadas lhe deram vida e vigor.

O tema do congresso “50 anos ao serviço da comunidade, da profissão e dos fisioterapeutas”, querendo comemorar aquela data histórica, quis, sobremaneira, relembrar aos fisioterapeutas portugueses todo o trabalho e dedicação desta estrutura profissional e todo o seu empenho para o desenvolvimento da profissão.

Para celebrar o seu 50º aniversário, a APFISIO voltou a escolher o mesmo espaço que tinha acolhido o congresso anterior: o complexo de auditórios e salas de conferências da Universidade Católica, em Lisboa.

A forte atividade na arena política intensificava-se visando criar uma base de apoio para a aprovação da criação da Ordem dos Fisioterapeutas. A celebração do meio século de existência da APFISIO deveria servir para impulsionar o último esforço visando a regulação profissional. E o 8º Congresso Nacional de Fisioterapeutas serviu esse propósito, trazendo a Portugal a figura maior da Fisioterapia mundial, Brenda Myers. A presidente do comité executivo da World Physiotherapy (à data WCPT – World Confederation for Physical Therapy), esteve em Portugal nesses dias para dar ânimo e força à Fisioterapia e aos fisioterapeutas portugueses.

Num evento que procurou promover o reencontro dos fisioterapeutas, o 8º Congresso Nacional de Fisioterapeutas voltou a oferecer um programa diversificado com sessões plenárias para debater temas-chave, sessões paralelas para a apresentação dos trabalhos de investigação realizados pelos fisioterapeutas, e ainda, um programa social, visando promover momentos de convívio entre os participantes.

Consolidar a profissão do fisioterapeuta no contexto das profissões de saúde esteve presente desde o primeiro momento neste congresso, a par do ambiente festivo da comemoração dos 50 anos.

 

O reconhecimento da importância e do papel da APFISIO no desenvolvimento da profissão esteve presente nas palavras de Brenda Myers que lembrava que a Associação de Fisioterapeutas Portugueses já fazia parte da família mundial da Fisioterapia desde 1967, bem perto, também, dos 50 anos!

Esta mensagem seria reforçada na Conferência APFISIO, proferida pela presidente do Conselho Diretivo Nacional, a Ft.ª Isabel de Souza Guerra. Naquela Conferência apelava-se a uma mudança de paradigma, para uma efetiva autonomia técnica e organizacional da Fisioterapia e dos fisioterapeutas e para a assunção das responsabilidades daí decorrentes. E, de novo e mais uma vez, a questão da autorregulação profissional esteve presente nesta Conferência.

As Sessões Plenárias sobre "Cuidados Continuados Integrados", "Regulação e Atividade Sindical na Reforma do Sistema de Saúde"; "Fisioterapia, As Oportunidades da Ciência” e “Futuro profissional – Oportunidades e Desafios", criaram momentos de reflexão e discussão sobre os desafios que se colocavam, à data, à profissão.

A Sessão Plenária sobre "Cuidados Continuados Integrados", contou com a presença da coordenadora nacional da Rede Nacional dos Cuidados Continuados Integradas, trazendo uma perspetiva “de dentro” daquela estrutura. Neste contexto, houve lugar para analisar o desenvolvimento profissional do fisioterapeuta e o valor que a sua intervenção acrescenta naquela tipologia de cuidados.

A "Regulação e Atividade Sindical na Reforma do Sistema de Saúde", permitiu aos presentes refletirem sobre a realidade sociopolítica da profissão, e a importância de existir uma voz própria – o Sindicato dos Fisioterapeutas Portugueses -, em sede de concertação social e negociação laboral. Os aspetos jurídico-legais que enquadravam a autorregulação profissional foram objeto de apresentação e discussão.

As Sessões Plenárias "Fisioterapia, As Oportunidades da Ciência” e “Futuro profissional – Oportunidades e Desafios", foram dinamizados por fisioterapeutas de referência, portugueses e estrangeiros que promoveram o “desassossego” dos presentes, mas que, simultaneamente, trouxeram a confiança e mostraram as ferramentas que os fisioterapeutas poderiam utilizar para construir o caminho para o futuro da Fisioterapia. A ética, a investigação, a consolidação das boas práticas, a prática baseada na evidência, as normas de orientação clínica, o ensino e a articulação academia-clínica, estiveram presentes nos temas apresentados.

Em 2010, no 8º Congresso Nacional de Fisioterapeutas, Brenda Myers, a mais destacada personalidade mundial da Fisioterapia falava do exercício, da intervenção nos estilos de vida, do acesso aos cuidados de Fisioterapia, da proteção do cidadão que a regulação profissional confere, da afirmação da profissão no plano mundial e do seu reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde.

 

Do consenso sobre estas questões, resultaram as conclusões deste congresso.

 

 

 

8º CONGRESSO NACIONAL DE FISIOTERAPEUTAS

 -  CONCLUSÕES  - 

 

Os fisioterapeutas devem entender o desafio da integração e continuidade dos cuidados que se coloca ao “sistema de saúde” como uma oportunidade para afirmarem o carácter essencial e específico do seu contributo para a prestação de cuidados em todos os níveis (cuidados primários, secundários e terciários).

 

A especificidade do seu contributo radica no seu modelo de intervenção (o processo da fisioterapia):

•Centrado no utente e na resolução dos problemas que ele valoriza;

•Dirigido ao movimento (funcionalidade), e às suas implicações na qualidade de vida e na participação, elementos centrais da saúde e do conceito de “ser saudável”. A intervenção do fisioterapeuta deve ser cada vez mais baseada na melhor evidência científica disponível;

•A profissão deve desenvolver uma cultura científica, e promover a partilha de saberes com outras disciplinas científicas e a complementaridade entre a investigação básica e a investigação aplicada;

•Os fisioterapeutas devem promover o desenvolvimento, e a utilização, de indicadores de resultados (outcomes) centrados na funcionalidade que permitam avaliar a efetividade da sua intervenção, e possibilitem promover a sua imagem como elementos centrais na melhoria dos cuidados prestados.

•Constatou-se a utilização efetiva de um leque alargado de instrumentos de avaliação e medida, e que está a ser cada mais utilizado o respetivo registo sistemático de dados.

•Considerou-se relevante o esforço do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da UC, que já tem on-line uma base de dados de diversos instrumentos úteis para os profissionais de saúde – Fisioterapeutas incluídos.

•Considerou-se que o desenvolvimento de Normas de Orientação Clínica / “guidelines” / protocolos de intervenção, deve ser acompanhado do desenvolvimento de metodologias de avaliação que traduzam o carácter complexo e multidimensional da intervenção do Fisioterapeuta, a qual é realizada com pessoas (utente / família / cuidadores).

 

Foram analisadas as questões relacionadas com a demografia profissional e o emprego, tendo-se considerado fundamental:

•Verificar em que medida o perfil de saída dos novos profissionais se ajusta às necessidades da população e do sistema de saúde, para promover o seu ajustamento;

•Reforçar o desenvolvimento de competências para a intervenção em projetos multidisciplinares, na comunidade, com preponderância para a função de educador e de promotor da mudança (promoção da saúde e adoção de estilos de vida saudáveis);

•Apoiar o empreendedorismo.

 

No que respeita ao ensino constatou-se que:

•Todas as escolas oferecem cursos de licenciatura (1º ciclo de Bolonha);

•A empregabilidade média é de 88,35 %;

•As Escolas revelam uma forte ligação internacional sobretudo na Europa (ERASMUS) mas também com a América e a África);

•Metade das Escolas já oferece mestrados e algumas já desenvolveram ou estão envolvidas em Centros de Investigação;

 

E considerou-se relevante:

•A criação de carreiras de investigação;

•O aumento das oportunidades no sentido da obtenção de doutoramentos;

•O maior envolvimento das Universidades.

 

Sublinhou-se ainda o facto de um dos objetivos das Escolas ser a divulgação da profissão, devendo esta ser consistente entre as várias escolas e com a perspetiva das organizações representativas da profissão (em particular da World Physiotherapy, à data WCPT).

 

No âmbito do perfil profissional:

•Constatou-se uma abrangência multifacetada das áreas de intervenção do fisioterapeuta;

•Considerou-se, no entanto, importante refletir sobre quais são as áreas críticas que não podem ser esquecidas;

•Considerou-se fundamental investir na promoção do Fisioterapeuta como especialista do exercício no âmbito dos cuidados de saúde;

•Divulgação da evidência científica existente;

•Envolvimento em programas comunitários;

•Enfoque da formação inicial neste domínio;

 

Sobre os DESAFIOS e OPORTUNIDADES, considerou-se necessário:

•Promover a defesa dos utentes e a atribuição da capacidade deles terem acesso direto (self-referral) ao Fisioterapeuta;

•Promover o avanço na regulamentação do exercício profissional;

•Desenvolver e auditar os padrões de prática;

•Melhorar os instrumentos de defesa laboral dos Fisioterapeutas e em particular reforçar a intervenção sindical;

•Promover a imagem unificada da profissão (referência nacional e internacional em torno da World Physiotherapy);

•Fomentar o espírito de Partilha e de Rede, nomeadamente pelo reforço e valorização da atividade dos grupos de trabalho e de interesse da APFISIO.

 

A Constituição da Ordem dos Fisioterapeutas foi considerado o objetivo central e prioritário de toda a ação associativa, culminando os seus 50 anos ao serviço da Comunidade, da Profissão e dos Profissionais.

  

Nota Técnica do 8º Congresso Nacional de Fisioterapeutas

Data: 12 e 13 de novembro de 2010

Local: Universidade Católica de Lisboa

Tema: 50 anos ao serviço da comunidade, da profissão e dos fisioterapeutas

Número de participantes: 200

Presidente da Comissão Organizadora: Ricardo Pedro

Comissão Organizadora: Rodrigo Martins, Vítor Fernandes, Pedro Jorge Rebelo, Filipa Pires, Carlos Bento, Catarina Santos, Daniel Simão, Martinho Gomes.

Comissão Científica: António Fernandes Lopes, Patrícia Almeida, Teresa Tomás, Maria Beatriz Fernandes, Augusto Gil Pascoal.

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